Na esteira da fusão entre Americanet e Vero que deve criar um dos maiores provedores independentes de Internet do Brasil, outros players do segmento podem se movimentar e também combinar ativos, avalia o BTG Pactual. Também a XP Investimentos vê um cenário propenso para uma nova onda de M&A no mercado nacional.

As avaliações fazem parte de relatórios divulgados pelas áreas de pesquisa das instituições ao longo desta semana. “A fusão [entre Vero e Americanet] provavelmente colocará outros grandes ISPs em modo de negociação” afirmou a equipe de analistas do BTG Pactual.

A empresa deu exemplos, a partir da complementariedade geográfica de redes. “A Desktop (968 mil clientes), baseada em São Paulo e uma vez considerada uma provável compradora da Americanet, pode olhar para a Algar (799 mil clientes, principalmente em Minas Gerais) ou Ligga (364 mil, principalmente no Paraná)”.

Outra possibilidade citada pelo BTG foi um acordo envolvendo Unifique (663 mil assinantes), Ligga (364 mil) e MhNet (319 mil) – e que criaria um “player dominante no Sul”, segundo o banco. Neste caso, o relatório nota que a Vero também está bem posicionada no Sul e deve considerar alguns ativos relativamente grandes na região – visto que, ao lado da Americanet, a empresa pretende seguir com aquisições.

Um terceiro negócio aventado no mesmo relatório foi a venda da infraestrutura de fibra da própria dupla para uma empresa de redes neutras, como forma de financiar a expansão do novo grupo. Vale lembrar que o BTG Pactual é controlador da V.tal, que atua no segmento de redes neutras, e que ativos da Vero já despertaram interesse da FiBrasil.

Já a equipe da XP atentava para o aquecimento do movimento de M&A entre provedores regionais antes mesmo do anúncio da combinação entre Americanet e Vero. No último dia 10, um relatório do banco apontava que “a desaceleração atual do crescimento orgânico combinada com altas taxas de juros deve desbloquear a agenda de M&A entre grandes provedores“.

As candidatas a consolidadoras apontadas foram mais uma vez Desktop e Unifique – que já teriam adquirido 390 mil e 257 mil clientes desde seus IPOs, na ordem, mas que também têm desacelerado o ritmo de crescimento orgânico. O relatório da XP também rolou para 2024 os preços-alvos definidos pela casa para as ações da dupla listadas em bolsa (R$ 7,5 para Unifique e R$ 21 no da Desktop, ante R$ 19).

Potencial

Ao se juntarem em empresa sob controle dos fundos Vinci Partners e Warburg Pincus, Vero e Americanet chegam a cerca de 1,4 milhão de clientes na banda larga, ultrapassando a Desktop, a cearense Brisanet e encostando na holding de provedores regionais Alloha Fibra, atual quarto maior grupo em termos de acessos.

Nascemos como o maior ISP do País, afirmam Vero e Americanet após fusão

A dupla também somaria 5 milhões de casas passadas (HPs) com fibra óptica, segundo o BTG Pactual – que classifica a operação como uma combinação perfeita. A razão seria a complementaridade das redes em São Paulo, Minas Gerais e região Sul, além do fato da Americanet ter 25% das receitas oriundas do B2B e dos próprios múltiplos financeiros.

O banco reitera a possibilidade de Ebitda de R$ 1 bilhão para a dupla em 2024. Em doze meses até março o indicador marcava R$ 760 milhões, com margem próxima aos 50%. A alavancagem da empresa a ser formada também estaria sob controle, apontam os analistas, citando uma possível oscilação em torno de 3x a dívida líquida/Ebitda e o espaço que a Vero tem para captar até 700 milhões em novas debêntures incentivadas.

Fonte: Teletime