Mesmo sem infraestrutura de rede móvel, ISPs podem entrar no mercado de quinta geração celular; estima-se que 5G fixo represente 12% da banda larga fixa no Brasil até 2026

Responsáveis por mais da metade dos acessos de banda larga fixa no País, os provedores de serviços de internet (ISPs) também podem se beneficiar da tecnologia que permite instalar redes fixas com base na tecnologia 5G, o chamado Fixed Wireless Access (FWA). Na avaliação do diretor de Telecomunicações da Kyndryl, José Felipe Ruppenthal, há formas de evitar que o “5G fixo” fique concentrado às grandes operadoras.

Em palestra no Link ISP 2023, promovido pela InternetSul, nesta quinta-feira, 24, em Gramado (RS), Ruppenthal apontou que, em primeiro lugar, os provedores, cujas conexões são amplamente amparadas em fibra óptica, não devem temer uma eventual substituição dos acessos fixos pela quinta geração móvel com FWA.

Para o executivo, as empresas que trabalham com as chamadas “tecnologias legadas” (cabo metálico, coaxial ou de cobre) serão mais impactadas pela concorrência do FWA. Até por isso tendem a ser as primeiras a incluir a tecnologia em seus portfólios.

“A primeira operadora a lançar o FWA no Brasil, apesar de líder em banda larga fixa, tem poucos acessos em fibra”, disse, em referência à Claro, que anunciou planos de 5G FWA no início deste mês.

Além disso, Ruppenthal lembrou que, em média, a velocidade da internet fixa no Brasil é superior à da móvel, de modo que trocar a fibra pelo 5G fixo pode não ser a melhor escolha. Esse cenário não é visto em todos os mercados. Na Austrália, por exemplo, a média da banda larga fixa é de 53,88 Mbps, enquanto a móvel atinge, na média, 91,22 Mbps.

Oportunidades para ISPs

Em sua fala, Ruppenthal sinalizou que, de acordo com pesquisas, o 5G FWA deve abocanhar 12% do mercado de banda larga fixa no País até 2026. A estimativa prevê 3,5 milhões de acessos substituindo tecnologias legadas ou com problemas de conectividade, enquanto 6 milhões devem ser direcionadas a residências e pequenas empresas que, na atualidade, permanecem sem conexão.

“Todas essas oportunidades não precisam necessariamente ser exploradas pelas donas das licenças e por operadoras de rede móvel. Um provedor regional que só tenha fibra pode usar um MVNO [operadora de rede móvel virtual] ou uma InfraCo [empresa de infraestrutura de telecomunicações] para fornecer 5G como um produto de redundância”, indicou.

De todo modo, Ruppenthal disse que os provedores devem levar em conta quatro fatores que podem impulsionar o FWA no País:

• Migração do meio de conectividade, como forma de superar tecnologias legadas;
• Capacidade para atender locais remotos sem cobertura de fibra;
• Oferta como solução de redundância para banda larga fixa;
• Solução para infraestruturas saturadas ou com baixa qualidade, onde é difícil instalar fibra óptica.

“É preciso se lembrar que conectividade agora é meio, antes era fim. Hoje em dia, o grande valor que temos pela conectividade é o serviço que entregamos”, ressaltou.

Fonte: Telesíntese