Se a pirataria é a inimiga nº 1 do setor de TV por assinatura brasileiro, a ameaça de crescimento das big techs no segmento e a própria precificação dos serviços oferecidos ao consumidor também são vistos pelo CEO da Sky, Gustavo Fonseca, como grandes desafios do mercado.
Nesta terça-feira, 22, o executivo da segunda maior operadora de TV por assinatura do País participou do Pay-TV Forum 2023, promovido por TELETIME e Telaviva em São Paulo. Na ocasião, Fonseca descreveu situação de um “gorila na sala” representado pelas big techs e capaz de “engolir com batata frita” as operadoras atuais, caso mudanças não sejam feitas na indústria.
A disrupção passaria não apenas pela distribuição e produção de conteúdo, mas também pela chance de serem as plataformas – e não a cadeia de TV paga – as responsáveis por encontrarem modelos capazes de bater de frente com a pirataria. “Não podemos esquecer que um monte de gente não está disposta a pagar os preços [da TV por assinatura] na ponta”, lembrou Fonseca. “Temos que fazer um produto melhor que a pirataria e mais protegido”.
Neste sentido, o CEO da Sky conclamou maiores investimentos da cadeia em segurança e criptografia de conteúdos, além de cuidado por parte de provedores regionais que praticam modelos como a captação de sinal abertos das radiodifusores para ofertas – algo que também estaria fora dos limites.
De forma geral, a operadora avalia que se resolvido o problema da pirataria, o mercado de TV por assinatura pode se reequilibrar e fazer sombra ao que foi na década passada (quando atingiu 19 milhões de clientes, ante 11 milhões atualmente). Para tal, novas obrigações regulatórias que façam evoluir o custo das ofertas da cadeia também precisam ser evitadas, entende Fonseca.
Convivência com streaming
Hoje, a proposta de valor da Sky passa por produto pré-pago de entrada, a base do serviço tradicional de SeAC que a empresa busca proteger, streaming (com o DGO) para áreas conectadas e também a oferta de conectividade banda larga – via redes neutras de fibra óptica – entre clientes da operadora. A empresa ainda tem apostado em combos com produto de OTT da empresa ao lado de provedores regionais
Mesmo já inserida no cenário convergente e apostando na convivência dos serviços, a operadora também vê desafios trazidos pela crescente prevalência do streaming na cadeia. Um deles é o fato do melhor da programação ir muito rápido para as plataformas de vídeo sob demanda, diminuindo a janela de venda de conteúdo pelas operadoras no modelo pay per view.
Outro obstáculo é a dependência constante de conteúdos que garantam não apenas a aquisição, mas também a retenção das bases de assinantes – sobretudo em um cenário onde o fim de uma série ou de um grande evento esportivo acarreta no cancelamento de assinaturas de streaming. Mais uma vez, Fonseca alertou o risco de serem as big techs as primeiras a encontrarem modelo capaz de lidar com essas flutuações de demanda, oferecendo experiência mais fácil para o cliente.
“O usuário na ponta se digitalizou, então temos que trazer conteúdo de qualidade e experiência imbatível, mesmo sabendo que churn vai ser mais alto”, resumiu o CEO da Sky.
Fonte: Teletime