Fornecedora de equipamentos presente nas primeiras ofertas de banda larga sem fio (FWA) 5G do mercado brasileiro, a Intelbras aposta em um market share de até 20% para a tecnologia dentro de cinco anos no País, com ajuda de fatores como redução de custos de CPEs, estímulos governamentais e entrada de novos players no mercado móvel.
O cenário foi projetado pelo diretor de soluções de rede 5G da Intelbras, Carlos Reich, em entrevista ao TELETIME. “A fibra óptica é e vai ser o maior meio acesso da banda larga no Brasil, até pela nossa estrutura de provedores regionais, mas o FWA vai ser grande serviço complementar. Em cinco anos, imaginamos que dá para chegar em até 20% do mercado sendo 5G”, afirmou o executivo.
A previsão diverge da leitura de outros players, que enxergam a fibra limitando o potencial do FWA no País. Ao caracterizar como “futurísticas” algumas projeções de participação abaixo de 10%, Reich também apontou possíveis alavancas para o crescimento da tecnologia – como o atendimento de áreas de difícil cobertura, a captura de clientes insatisfeitos na banda larga e a redundância com a fibra, sobretudo no segmento corporativo, incluindo PMEs.
Assim, o FWA poderia ser uma das tão esperadas “killer applications” do ecossistema 5G, entende Reich – mesmo que com a viabilidade dos casos de uso intimamente ligada à redução do custo das CPEs. Fabricando os equipamentos para casa do cliente no Brasil em parceria com a Qualcomm, a Intelbras prepara para breve o lançamento de alternativa intermediária ao produto premium já no mercado doméstico (e que suporta as primeiras ofertas da Claro).
Oferta agressiva
No ano que vem, solução de CPE ainda mais agressiva na questão preço está sendo preparada, a partir de chipsets que ainda não chegaram ao mercado. De forma geral, os semicondutores podem representar mais de 60% do custo dos equipamentos, apurou TELETIME. A escala do FWA 5G em outros mercados como Estados Unidos e Índia deve resultar em redução dos preços também no mercado doméstico.
“A tendência é o preço da eletrônica cair, enquanto o custo de ativação do cliente da banda larga fixa tende a subir”, apontou Reich, fazendo comparação com o ônus atual de conectar a última milha de FTTH. “O trabalho é fazer com que o equipamento de FWA seja facilmente instalado por qualquer um. Ao tirar esse componente de última milha – cabo de drop, ONU – e terceirização de mão de obra para instalação, o preço vai ficar tão competitivo ou até menor que o atual”.
Em paralelo, a aposta no FWA por parte de novas operadoras regionais detentoras de licenças 5G também é aguardada, servindo tanto como meio de entrada no mercado de banda larga em novas cidades quanto como suporte ao B2B. Mesmo a oferta de banda larga sem fio por futuras operadoras móveis virtuais (MVNOs) 5G não está descartada, entende a Intelbras, que acredita na viabilização de arranjos do gênero mesmo com cenário mais desafiador do que o esperado para entrantes móveis.
Financiamento
Neste sentido, a possibilidade de financiamento de projetos de FWA com recursos do Fust é vista como algo capaz de mudar o jogo para a tecnologia, interessando sobremaneira operadoras regionais do serviço e ajudando na conquista de market share. Carlos Reich vê como crucial a fase de validação de requisitos da política, já em execução pelo BNDES (que opera recursos do Fust).
“Como áreas rurais e comunidades terão imposto menor, será preciso definir como caracterizá-las. Depois as operadoras têm que submeter projetos e esse primeiros adquirentes vão ajudar a formatar perguntas e regras”, sinalizou o diretor da Intelbras. “É algo que vai movimentar o mercado”, resumiu.
De maneira geral, a tecnologia 5G é encarada como porta de entrada importante para o crescimento de negócios em telecom dentro do grupo catarinense. No segundo trimestre, a Intelbras teve 24% do faturamento líquido associado à vertical de comunicação, contra 19% um ano atrás. “Essa será uma avenida de crescimento para a empresa”, aponta Reich.
Fonte: Teletime