Segundo executivo, TV por streaming é responsável por 80% das novas assinaturas da Claro TV+, embora modelo a cabo ainda traga a maior parte das receitas; operadora busca se estabelecer como agregadora de conteúdo em vídeo para clientes

A Claro tem a expectativa de voltar a ampliar a base de TV por assinatura, serviço que tem registrado perdas mensais consecutivas de clientes, até o ano que vem. E essa virada deve acontecer por meio do modelo de TV por streaming, informou Alessandro Maluf, diretor de Produto de Vídeo da operadora, em evento em São Paulo, nesta quinta-feira, 11.

“Estamos trabalhando para fazer neste ano ainda essa virada – deixar de diminuir a base de assinantes e, com o streaming, ter um resultado positivo. Pode acontecer este ano ou no ano que vem, mas temos que retomar o crescimento de assinantes e a receita”, destacou.

Maluf enfatizou que o carro-chefe da empresa no mercado de TV por assinatura é o streaming, e não mais a tradicional TV a cabo. Inclusive, informou que, atualmente, cerca de 80% das vendas da Claro TV+ são pelo modelo de streaming (acesso via aplicativo ou box). Além disso, a operadora estima que, até o fim desde ano, 20% da base de assinantes da TV a cabo migrem para a TV que funciona em cima da rede de internet.

A transferência de clientes, contudo, não é totalmente positiva, tendo em vista que a empresa obtém uma receita média por usuário (ARPU, na sigla em inglês) mais elevada no plano a cabo, único que oferece resolução 4K e não depende integralmente de banda larga para transmissão de conteúdo.

O executivo ainda destacou que “o primeiro desafio é fazer dinheiro” com a TV por streaming, ressaltando que a Claro teve que desembolsar investimentos significativos na tecnologia, incluindo desenvolvimento da plataforma, aplicativos, players de vídeo e software de funcionamento.

Por outro lado, o custo operacional é menor do que o da TV a cabo, por dispensar a necessidade de técnico para instalação e não ter a mesma carga regulatória e tributária, uma vez que a modalidade não é regulada pela Lei do Serviço de Acesso Condicionado (SeAC).

De todo modo, no momento, a modelo tradicional segue sendo mais rentável. “Hoje, pela escala que temos na TV por assinatura [a cabo] e o tíquete que temos, [o streaming] ainda não é [a principal fonte de receita], mas, para o futuro, deve mudar. Vamos apostar nesse modelo. Uma hora vamos nos estabelecer nessa tecnologia, que toma muito dinheiro nosso”, salientou Maluf, em evento organizado pelos sites Telaviva e Teletime.

Retorno aos anos 1990

Em um período em que a TV paga tem perdido clientes e as plataformas de streamings ganham mercado, a Claro acredita que pode se estabelecer como agregadora de conteúdo em vídeo, oferecendo tanto canais lineares quanto programação sob demanda (em linhas gerais, o mote da Claro TV+).

Segundo Maluf, como as plataformas de streaming tentam vender o seu próprio produto, o que exige investimentos em propaganda e marketing, isso aumenta o custo de aquisição para todas as empresas. Além disso, a fragmentação do conteúdo, como campeonatos de futebol espalhados por diversas plataformas, tem confundido o consumidor.

“[A ideia é] agrupar isso tudo como operadora, vender todos juntos, quase que voltando aos anos 1990 – e para o consumidor vai haver economia e conforto por estar tudo num lugar só, mas com uma nova tecnologia”, disse o executivo.

O diretor da Claro ainda lembrou que, quando a empresa lançou a Claro TV+ em meados de 2022, passou a vender um único pacote de TV por assinatura para todos os planos (app, box e cabo 4K), o que tem aumentado a satisfação dos clientes. Atualmente, os planos comercializados incluem, além dos canais lineares, acesso ao Globoplay e à Netflix.

“Agregar essas plataformas tem um custo, mas entendemos que é uma forma de atrair o consumidor”, assinalou. “A estratégia é redução de preço, com uma oferta ampla. Queremos simplificar a experiência do usuário. Para gente, se o cliente está na Netflix ou no SporTV é a mesma coisa”, frisou o executivo.

Fonte: Tele.Síntese