Os provedores de pequeno porte do Rio Grande do Sul querem acesso aos recursos do Fust para poderem recuperar suas operações. Muitos deles tiveram todas as suas conexões de banda larga interrompidas por causa das enchentes. Uma reunião acontecerá nesta terça-feira, 21, no Ministério das Comunicações, na qual representantes de associações do setor levarão este pleito.

“Se não houver ajuda do governo, a recuperação vai ser lenta e algumas empresas podem ser liquidadas”, alerta o presidente da Abrint, Mauricélio Oliveira Junior, em conversa com Mobile Time.

Dos 460 provedores de Internet gaúchos localizados em áreas afetadas pelas enchentes, 445 são prestadores de pequeno porte (PPPs), com menos de 5 mil acessos cada. O problema é que o Fust está desenhado para empresas maiores, com mais de 10 mil acessos, explica o presidente da Abrint.

“Temos dialogado muito com o Minicom, com as nossas associadas e com a InternetSul (associação regional) para tentar a destinação do dinheiro do Fust para essa recuperação das regiões mais afetadas, de preferência a fundo perdido”, relata Oliveira Júnior.

No levantamento mais recente, estima-se que pelo menos 250 mil conexões de pequenos provedores estão sem funcionar no Rio Grande do Sul em razão das enchentes.

O presidente da Abrint estima que, se houver dinheiro e recursos humanos suficientes, é possível recuperar as redes dentro de três meses.

Solidariedade setorial

Muitas fibras ópticas foram rompidas em razão de quedas de postes, ou foram cortadas por equipes de emergência para acessar certas localidades e resgatar pessoas. E muitos equipamentos de telecom e Internet foram danificados pela inundação. Há registro de um provedor gaúcho, o RS Sul Net, que transferiu seu data center para o alto de um telhado e seguiu operando debaixo de uma lona para se proteger da chuva (veja foto ao lado)

Outro problema comum entre os provedores de pequeno porte no Sul é a falta de interconexão com os backbones das grandes operadoras, para escoar o tráfego para a Internet.

Em solidariedade, muitos provedores ofereceram interconexão em suas redes para aqueles que estavam sem. E houve também doações de equipamentos, como CPEs e switches, para a recuperação dos mais afetados.

“Recebemos relatos de dificuldade de provedores no acesso às operadoras maiores. E vimos um trabalho bonito de provedores se interligando uns aos outros, em um esforço louvável. São concorrentes que passaram a ser parceiros. Quem não foi atingido cedeu fibra e se interligou aos que foram impactados”, relata o presidente da Abrint.

Fonte: MobileTime