A Superintendência-Geral (SG) do Cade aprovou sem restrições a criação no Brasil da Orex, joint venture entre as japonesas NEC e a NTT Docomo para atuação no mercado de redes de acessos abertos e interoperáveis (o chamado Open RAN).
O sinal verde foi publicado no Diário Oficial da União nesta sexta-feira, 7. Além de soluções Open RAN, a Orex deve atuar com software 5G para redes de acesso virtualizadas (vRAN) e serviços de TI de integração de sistemas.
Segundo o despacho da SG do Cade, a nova unidade “construirá e operará redes móveis otimizadas desenhadas para operadoras de telecomunicações, com potencial para atender o mercado brasileiro em um futuro próximo“. A marca Orex foi lançada pela NTT Docomo em 2023, mas a joint venture ainda não estaria operacional.
Ao julgar a operação, o órgão antitruste concluiu que ela não gera sobreposição horizontal no País. “Embora as partes possuam um amplo portfólio de produtos de computação e tecnologia da informação, alguns dos quais podem ser componentes do Open RAN, nenhuma das empresas dos grupos econômicos envolvidos na Operação oferece o Open RAN como uma solução única, como fará a joint venture“.
Assim, a aposta da Orex deve ser fornecer o produto como uma solução completa e não proprietária de RAN. Vale notar que ainda não havia precedentes sobre o mercado de RAN virtualizado (vRAN) ou aberto (Open RAN) no Cade.
Ao contrário do modelo tradicional de redes de acesso, onde hardware e software são fornecidos por um único fornecedor por meio de uma solução proprietária, o Open RAN é uma arquitetura de rede de acesso via rádio composta por um hardware com padrões de interconexão predefinidos e um software de código aberto – e que permite a agregação de múltiplos fornecedores.
“Com essa flexibilidade, os Open RANs podem se adaptar à diversidade de usos e requisitos do 5G. Nesse cenário, a adoção do Open RAN ainda é incipiente, mas traz a possibilidade de virtualizar funções de rede e redes definidas por software, conceitos inerentes ao 5G, além de permitir novas opções de configuração de rede, com redução de custos e menor dependência de um fornecedor específico”, notou o despacho do Cade, citando estudos da Anatel.
Globalmente, a NEC já é considerada player relevante no segmento, com participação de mercado Open RAN estimada entre 10% e 20%, segundo dados da QY Research utilizados na análise do Cade. Samsung e Nokia foram outros players indicados como relevantes.
“De acordo com o mencionado relatório, o mercado brasileiro totalizou US$ 11,97 milhões em 2022 e estima-se que alcançará US$ 14,67 milhões em 2023. O mercado brasileiro representa, portanto, menos de 1% do mercado global, o que demonstra que o Open RAN ainda não é um mercado estabelecido no Brasil, e que a operação é evidentemente incapaz de suscitar preocupações concorrenciais”, prosseguiu o despacho.
A NTT Docomo é o principal conglomerado de telecomunicações do Japão, que também é mercado natal da NEC. Além de ser parceira comercial da fornecedora, as duas empresas também guardam relações societárias.
Fonte: Teletime