A solução móvel em 300 GHz está longe de ter aplicação prática, mas a Softbank diz que o objetivo é chegar lá para o 6G, cujo lançamento comercial é estimado em 2030.

A Softbank, do Japão, diz que atingiu um marco histórico no uso de novas faixas de frequência para mobilidade urbana. A empresa conseguiu, afirma, conectar um carro em movimento à rede celular utilizando a faixa de 300 GHz. Com isso, desafia a tendência na indústria de considerar as faixas mais altas do espectro radioelétrico para aplicações estáticas, como o acesso de banda larga fixa pelo ar (FWA).

A empresa afirma que os testes demonstram a viabilidade de usar as altíssimas frequências para soluções de carros conectados. Ressalta que o desenvolvimento da tecnologia é fundamental para a próxima geração de redes celulares, a 6G, que terá por padrão capacidade de transmissão de dados de 100 Gbps ou superior. A título de comparação, o 5G atual, no melhor cenário, prevê 10 Gbps.

A busca pelo uso das frequências ultra altas, medidas em Terahertz (THz), se deve à disponibilidade. São faixas livres e extensas. No entanto, estão desocupadas por conta do desafio de tecnológico de utilizá-las. Quanto mais elevada a frequência, mais suscetível a interferências é, mais energia é necessária para gerá-la, e consequentemente, mais calor é produzido. O alcance também cai consideravelmente, o que exige a implantação de mais estações radiobase.

Para a Softbank, no entanto, é importante persistir no desenvolvimento, pois o THz pode ocupar lacunas de conectividade onde a fibra óptica não chega por diferentes motivos, ou mesmo, no futuro, para funcionar como alternativa viável.

Em suma, qualquer parede tende a bloquear o sinal THz. A solução veicular, no entanto, foca-se justamente nas estradas por serem ambientes abertos e contínuos. Assim, a rede seria dedicada a carros conectados. Para tanto, seriam espalhadas antenas dotadas de tecnologia semelhante à dos radares utilizados na aviação tanto nas estações, como nos veículos.

A antena foi desenvolvida pela empresa, baseada no padrão “quadrado cossecante”, que garante um sinal uniforme mesmo com o alvo em movimento. Mas, diferente das antenas dos radares, tinha dimensões diminutas (1,5×1,3×1,5 cm, menores do que as antenas barbatanas presentes nos carros atuais) graças à altíssima frequência de 300 GHz utilizada.

Como foi o teste: os pesquisadores instalara um ERBs com a antena de cossecante a 10 m de altura do solo. O veículo, também dotado com a atena, captou o sinal por toda a extensão da via, de 140 metros. (Fotos: divulgação)
Como foi o teste: os pesquisadores instalara um ERBs com a antena de cossecante a 10 m de altura do solo. O veículo, também dotado com a antena protótipo, captou o sinal por toda a extensão da via, de 140 metros. (Fotos: divulgação)

Os testes de rua aconteceram em Tóquio, mas com apenas uma estação radiobase dotada da antena cossecante, colocada em uma passarela 10 metros acima do solo e transmitindo sinal em 300 GHz. O veículo que atravessava abaixo da passarela captava o sinal com sua antena. A conexão funcionou a velocidades de até 30 Km/h, a 140 metros de distância entre as antenas, em linha reta. Mas a empresa garante que a distância percorrida só não foi maior pela limitação de continuidade da pista.

Por ora, a solução está longe de ter aplicação prática, mas a Softbank diz que o objetivo é chegar lá para o 6G, cujo lançamento comercial é estimado em 2030.

Fonte: Tele.Síntese