Um estudo elaborado pela operadora móvel virtual Links Field está estimando custos de R$ 10,5 bilhões até 2028 para a migração de dispositivos IoT/M2M suportados por redes 2G e 3G – cujo desligamento está no roteiro do mercado de telecom e da Anatel.
A projeção inclui investimentos da cadeia usuária de Internet das Coisas na aquisição de dispositivos, troca de equipamentos e serviços agregados. Os valores são divididos entre o mercado de pagamentos (com custo estimado em mais de R$ 7 bilhões para troca de terminais) e rastreamento (cerca de R$ 3,4 bilhões até 2028, calcula a Links Field).
Apenas na cadeia de rastreamento – seja ele veicular, de ativos ou para outros usos -, a estimativa da operadora móvel virtual é de quase 12 milhões de dispositivos devam ser trocados entre 2024 e 2028.
A Links Field trabalha com um custo de R$ 194 por dispositivo, resultado de média de devices que podem variar de R$ 70 a R$ 1 mil (nos usos mais sofisticados). Com o custo médio de serviços de instalação estimado em R$ 100, chega-se à cifra de R$ 3,4 bilhões para o segmento.
No caso dos pagamentos, o valor total é maior, mas também há percepção de menores desafios logísticos e movimento de migração de migração para o 4G mais acelerado entre as chamadas maquininhas.
O estudo calcula que 11 milhões de terminais ainda precisarão ser trocados até 2028, com valores entre R$ 600 e R$ 1 mil a depender de fabricantes, modelos e capacidades. Com custo médio de instalação de cerca de R$ 40 por maquininha, os valores poderiam chegar a R$ 7 bilhões.
“A transição de tecnologia é uma oportunidade para inovação e crescimento. No entanto, entendo que é um processo complexo e repleto de incertezas”, afirmou o sócio fundador e CTO da Links Field, Marcos Betiolo. “Questões de compatibilidades de dispositivos entre redes antigas e novas é um desafio. Outro ponto é a velocidade com que os usuários atualizarão seus dispositivos”.
Neste sentido, a MVNO acredita que um “grande empurrão” para a troca dos equipamentos ocorra em 2025 e 2026. Esta também seria oportunidade para mão de obra especializada na realização do serviço de troca/manutenção de todo o parque de equipamentos, avalia a MVNO.
Redes legadas
A Links Field já aponta impactos nos serviços 2G e 3G oferecidos por grandes operadoras, como reflexo de um foco em outras tecnologias móveis mais modernas.
“Em novos contratos e propostas comerciais, essas empresas têm enfatizado que focam na garantia de funcionamento apenas das redes 4G e 5G, deixando as redes 2G/3G fora dos compromissos contratuais. Embora as redes 2G e 3G ainda estejam disponíveis para os clientes, os novos contratos deixam claro que o foco será o desenvolvimento e a manutenção das redes mais modernas”, afirmou a operadora virtual.
A Links Field também lembra que Vivo e TIM estão consolidando a rede 2G, em trabalho que alcançou 1,3 mil cidades até junho. No modelo, uma das empresas pode desativar sua rede, com atendimento da base de ambas pela operadora que permanecer com o serviço ativo.
Cerca de 6,4 mil sites 2G foram desativados pelas duas empresas ao fim do primeiro semestre, com perspectiva de aceleração para mais 1 mil cidades na segunda metade do ano, afirma a Links Field – que já aponta uma mudança no padrão de cobertura.
“Isso quer dizer que empresas que utilizam as redes da Vivo e Tim na tecnologia 2G passarão a contar com uma cobertura de sinal diferente em alguns locais, de acordo com o que acontecer em cada cidade envolvida no projeto”.
Refarming
As frequências das teles que suportam as redes 2G e 3G começam a vencer em 2028. A partir desta data deve ser iniciado um “refarming” para utilização do espectro em tecnologias mais modernas, do 4G em diante.
A Anatel já está trabalhando para limitar a homologação de dispositivos que operam apenas em 2G/3G, como parte dos preparativos para o desligamento. Em paralelo, as próprias prestadoras têm colocado suas estratégias em prática.
Fonte: TeleTime