O Google apresentou nesta segunda-feira, 26, o esqueleto do novo prédio no IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) com a entrada do seu novo centro de engenharia que ficará pronto em janeiro de 2026. De acordo com o presidente do Google no Brasil, o projeto com o instituto é um retorno às origens da companhia no País, uma vez que a empresa iniciou suas atividades locais através da academia em Belo Horizonte. A partir das novas instalações, as unidades de engenharia de São Paulo (segurança e privacidade) e Minas Gerais (buscas) vão trabalhar em harmonia e em complemento.
“Nada mais natural que complementarmos o escritório de Belo Horizonte com esse espaço em São Paulo. Com o IPT nós vamos trabalhar nas áreas emergentes da tecnologia em privacidade e segurança, ante os maus atores que tentam se beneficiar disso. Também avançaremos em IA que pode desenvolver profissionais (localmente)”, disse Coelho. “Estamos começando as obras em parceria com o IPT. Esse é um momento muito bacana, pois vamos continuar evoluindo com problemas dos brasileiros resolvidos pelos brasileiros. Uma plataforma com eficiência de negócios e empoderamento do cidadão”, completou.
Com as obras iniciando na primeira semana de setembro, o projeto tem como objetivo avançar com o desenvolvimento de soluções, produtos de privacidade e segurança da companhia, a partir de um novo time local com centenas de engenheiros, a serem contratados a partir da inauguração do prédio na zona oeste de São Paulo, como informou Alexandre Freire, líder do escritório de engenharia e diretor de engenharia de privacidade, proteção e segurança do Google Brasil.
Entre as categorias de profissionais que a big tech quer trazer para o espaço no IPT estão engenheiros de software, gerente de produto, gerente de engenharia, designers e especialista de dados. Esses profissionais trabalham em soluções baseadas na linguagem de dados, além de produtos e serviços em privacidade, proteção, segurança e de apoio à área de busca, que está estabelecida em Belo Horizonte.
Engenheiros do Google, de São Paulo para o mundo
Eduardo Tejada, diretor global de proteção ao usuário em privacidade, proteção e segurança do Google, afirmou que o espaço e seus engenheiros podem endereçar problemas de privacidade e segurança não apenas para o Brasil, mas para a América Latina e o resto do planeta: “Queremos manter as pessoas seguras. Vamos seguir investindo em times para isso”, relatou.
Entre soluções citadas que foram desenvolvidas pelo time do Google Brasil estão:
- A pesquisa de código open-source com automação para saber se todas as bibliotecas estão em conformidade e sem brechas;
- Análise de conteúdo abusivo que é barrado em produtos na plataforma, como Maps e Gmail;
- Videoselfies para identificar usuários com mais confiança nos produtos, como usuários novos que iniciam uma jornada de transmissão no YouTube;
- E parcerias com SaferNet e GlobalRisk para treinamento de cibersegurança de comunidades vulneráveis, como os jornalistas
Google no IPT
Com um contrato de dez anos que foi celebrado com o governo do estado de São Paulo em fevereiro, o Google ficará localizado no prédio 1 do IPT. Até então, o local era usado como escritório da Secretaria de Tecnologia e Inovação de SP. Mas como contrapartida o Google construiu outros prédios no campus para alocar o estafe do instituto de pesquisa, o que inclui também realocar e melhorar quatro áreas:
- Acervo da biblioteca;
- Acervo do IPT;
- Biblioteca;
- Espaço maker.
Essas áreas devem ser entregues no começo de setembro.
Em paralelo, o Google preparou o projeto de remodelação do prédio. Feito em parceria com o escritório Brasil Arquitetura, o redesenho do local trará sombreamento externo, ventilação natural e ar-condicionado, painéis fotovoltaicos, além do reaproveitamento das águas pluviais de seu entorno.
Todas essas mudanças foram feitas com foco principal na interatividade e no desenvolvimento de pesquisa científica e tecnológica, como afirmou João Vieira, arquiteto da obra e executivo de projetos de real estate do Google Brasil.
Hardware e software em harmonia
Atualmente, o IPT tem 14 empresas que participam do projeto de interação entre academia e setor privado, o IPT Open. Além do Google, o projeto tem empresas como Vale e Nokia (com rede privativa 5G), Lenovo e V2COM Weg, que ficam em outros prédios do instituto. Para Mobile Time, Anderson Correia, diretor-presidente do IPT, rechaçou a ideia de que a entrada do Google é uma mudança do desenvolvimento de hardware para o software, uma vez que a pesquisa é focada mais em dispositivos.
Correia explicou que 90% dos laboratórios do IPT seguem para o desenvolvimento de equipamentos e são bem pesados. Como exemplo, citou a rede privativa 5G da Vale com a Nokia que tem equipamentos de mineração conectados. Em sua visão, software e hardware atuaram de forma “transversal”.
“O Google vai trazer ferramentas que vão interagir com outras áreas. Como o tempo do Google de contrato será longo (dez anos), nós vamos aproveitar essa oportunidade para preparar todos os projetos. Temos 70 prédios com muitos laboratórios”, completou, ao dizer que vislumbra a interação entre hardware, software, comunidade de estudantes da USP, empresas do IPT Open e pesquisadores do IPT.
Vale lembrar que o IPT está ligado à secretaria de ciência, tecnologia e inovação de São Paulo e não à USP,
Destrinchando o novo centro
Além dos engenheiros que serão contratados para o local em 2026, o espaço do Google terá duas iniciativas da companhia que chegam pela primeira vez à América Latina:
- Google Safety Engineer Center (GSEC), para práticas de segurança e privacidade;
- Accessibility Discovery Center (ADC), para acessibilidade.
Segundo Freire, o GSEC vai atuar com pesquisas em parceria com os outros três centros de engenharia em segurança de Munique (Alemanha), Málaga (Espanha) e Dublin (Irlanda). O espaço é focado em quatro pilares: aprendizado sobre o tema; desenvolvimento de soluções e pesquisas; empoderamento da comunidade; parcerias com outros players.
Por sua vez, o ADC será um espaço para inovação, educação, testes e desenvolvimento de soluções para deixar a tecnologia mais acessível para todos, como explicou Bernardo Barlach, gerente de parcerias e relacionamento para acessibilidade no Google América Latina.
“Com o prédio do IPT, nós teremos o primeiro ADC da América Latina, com 100 metros quadrados, para se conectar com a comunidade, realizar oficinas de codesign, oferecer programas educacionais, exibir tecnologias e fazer testes de produto”, disse, lembrando que há outras unidades em Londres, Zurique e Dublin.
“A ideia é que as pessoas compreendam o conceito de jornada na acessibilidade e identifiquem onde estão nesta jornada. E a partir dessa troca, consigam ter passos definidos para a próxima etapa. A acessibilidade nunca é um produto acabado”, disse Barlach. “Vamos permitir que as empresas (do IPT Open) façam uso do espaço para testar (soluções e produtos). Outra coisa que diferencia o ADC Brasil das unidades na Europa é a sua localização privilegiada com o mundo acadêmico. Está próximo da Poli-USP, da ECA-USP e dentro do IPT. Isso permite até pensar em colocar a acessibilidade como parte da pesquisa acadêmica. E incentivar pesquisa de mestrado e doutorado nesta área”, completou.
Fonte: MobileTime