A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) da cidade de São Paulo vem enterrando a fiação de seus equipamentos ao longo dos últimos anos para evitar sobrecarregar os postes e manter mais segura a rede de fibra dos semáforos na maior capital do País.
Segundo o gerente de engenharia e sinalização da companhia, Manuel Messias de Almeida, 40% dos cabos dos semáforos já estão enterrados, patamar que alcança os 54% nas regiões do mini-anel viário (centro expandido).
“A CET, dentro da sua competência, vem seguindo a legislação. Hoje, nenhum semáforo é implantado no padrão aéreo, por exemplo”, afirmou Almeida nesta segunda-feira, 2, na CPI da Regularização da Fiação da Câmara Municipal de São Paulo. Assim, dos 6.087 cruzamentos com semáforos, 2.384 já funcionam de forma subterrânea.
Ele explicou que a Companhia de Engenharia de Tráfego possui uma rede privada de fibra óptica para interligar todos os semáforos da cidade. Essa rede faz a conexão de dados com outros órgãos públicos de transporte, a exemplo do Metrô e da SP Trans, e já tem, hoje, todo o 100% dos cabos enterrados.
Já o diretor da CET, Paulo Eduardo Soares, disse que as concessionárias de energia, como a Enel, são sempre acionadas pela companhia quando o excesso de fios passa a ser um problema para a mobilidade. “Operacionalmente, nós sempre tomamos um grande cuidado para que essa afiação não atrapalhe nenhuma sinalização, nenhum semáforo, nenhuma placa de orientação, preservando sempre essa boa visibilidade”, disse.
Irregularidades
Já a presidente da Federação Nacional de Call Center, Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações (Feninfra), Vivien Suruagy, reafirmou que há de fato empresas do setor de telecom em situação irregular que ocupam os postes e não seguem as regras.
“Há anos que esse problema está se avolumando. Mas não adianta nós jogarmos a responsabilidade para a Anatel. A Anatel criou regras, a empresa têm que se cadastrar”, disse. Para a executiva, a ocupação irregular de postes se dá também pela falta de ação das concessionárias de energia e da Aneel na fiscalização de quem está irregular.
Para ela, um dos caminhos é incorporar na regulamentação o que dispõe o Decreto 12.068/2024, que regulamenta a licitação e a prorrogação das concessões de distribuição de energia, e prevê a gestão dos postes por um ente terceiro. “Esta resolução conjunta fala o seguinte: vamos pegar entidades para elas fazerem um estudo técnico deste assunto, ver qual é a melhor solução para nós colocarmos vários fios em um ponto só, por exemplo, para haver uma fiscalização da rede, inclusive através de Inteligência Artificial”, afirmou Suruagy.
Já o presidente executivo da Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas (Telcomp), Luiz Henrique Barbosa, afirmou que um grupo de trabalho com reuniões mensais avaliam as principais obras em São Paulo. No grupo, estão CET, CETESB, Comgás, Enel, Sabesp, SP Regula, a Agência de Transportes e a SP Mobilidade.
Em paralelo, o dirigente também pontuou aspectos positivos do aumento da competição no segmento de telecom. “O Brasil é um país de dimensão continental, a gente está falando de 5.570 municípios. E tem operadoras muito pequenas, que atuam em dois, três, e às vezes, em um único município, que estão levando o serviço de telecomunicações que, de repente, grandes operadoras não levariam”, disse ele, em sessão nesta segunda-feira, 2.
Na fala aos parlamentares, Barbosa ainda comparou os valores oferecidos em telecom com outros setores, como água, gás e energia. “[No setor de telecom] tem muita competição, diferente de energia e gás, que aí são monopólios. É outra situação”.
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