A cessão indiscriminada de dados pessoais pelo brasileiro e a proteção da crescente camada de equipamentos de Internet das Coisas (IoT) são alguns dos principais desafios para a segurança de dados que devem ser enfrentados em 2025 no Brasil.

A avaliação é de dirigentes da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) e do Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil (CERT.br). As entidades promoveram um evento sobre segurança em São Paulo nesta terça-feira, 28, mesma data do Dia Internacional de Proteção de Dados.

Na ocasião, o presidente da ANPD, Waldemar Ortunho, fez um alerta sobre o que chamou de “cessão indistinta de dados pessoais” por parte do cidadão. Segundo ele, o cenário teria resultado em uma disponibilidade indiscriminada de informações nas mãos dos chamados agentes de tratamento de todas as atividades.

“Se preocupem com os dados pessoais porque eles são muito valiosos e deve haver uma lógica e finalidade em cedê-los”, declarou Ortunho.

No Brasil, a cessão de dados em troca de serviços ou descontos já se tornou comum, ao passo que casos emblemáticos – como a coleta de informações de íris em troca de criptomoedas – também têm chamado atenção da ANPD.

“É natural que surjam tecnologias e algumas assustam, como IA tem assustado, mas há uma série de coisas boas que elas trazem à preocupação. Devemos ter cuidado com a parte ruim”, completou Ortunho.

IoT

Gerente geral do Cert.br, Cristine Hoepers também mostrou preocupação com o cenário e destacou ainda o uso indiscriminado de dados de biometria e reconhecimento facial – inclusive por empresas do setor de telecomunicações que oferecem serviços de casa conectada e Internet das Coisas (IoT).

Hoepers destacou que IoT não é algo etéreo, mas um conjunto de aplicações que reúne diversas aplicações cada vez mais populares, como portarias remotas e câmeras de monitoramento. Um exemplo citado foi a venda de serviços de sistemas internos de monitoramento cujas gravações ficam “na nuvem”, nem sempre com a transparência necessária para o titular dos dados.

Soma-se a isso o próprio cenário global de aumento de volume de ameaças online, inclusive com amadurecimento do mercado de compra e venda de vulnerabilidades, nota Hoepers. Ao mesmo tempo, a mão de obra qualificada seria gargalo não apenas no Brasil, mas também de maneira global.

O desafio é proteger os dispositivos nas casas das pessoas, proteger IoT, os bancos de dados, redes e os sistemas que estão na nuvem“, listou a gerente-geral do Cert.br, ao ser questionada sobre o grande desafio na área para 2025.

Além da tarefa complexa para as organizações, há também a responsabilidade dos próprios titulares contribuírem mais para a segurança de seus dados, a partir da adoção de boas práticas. “Os titulares precisam estar conscientes”, afirmou Cristine Hoepers.

Fonte:

Teletime