As principais operadoras do Brasil têm o acesso fixo sem fio (FWA) baseado em redes 5G como parte da estratégia para monetização da tecnologia, mas também estão aguardando uma economia de escala que reduza o preço de equipamentos para massificação de ofertas do gênero no mercado de banda larga.

Durante evento realizado pela Qualcomm nesta terça-feira, 15, em São Paulo, Claro, Vivo, TIM e Brisanet abordaram estratégias para o 5G FWA. No caso da primeira – que saiu na frente ao lançar a primeira oferta do gênero na banda larga brasileira -, as ambições para a tecnologia foram descritas por Paulo César Teixeira, CEO da Claro para o mercado de consumo.

Segundo o executivo, a empresa quer utilizar o 5G FWA como recurso para atender áreas de difícil acesso para demais tecnologias, principalmente periferias de grandes cidades. Dessa forma, o acesso fixo sem fio 5G seria inclusive ferramenta para competição com provedores regionais de banda larga fixa, afirma Teixeira – não sem pontuar que preço é questão chave na equação, até por conta das ofertas agressivas atuais de ISPs nas tecnologias convencionais.

“Os preços têm muito a ver com o custo de device. Precisamos reduzir esse custo para trabalhar com menores preços de serviços e chegar a esse público“, afirmou o executivo ao TELETIME, rechaçando ainda o rótulo de “premium” para as ofertas iniciais de 5G FWA da Claro. Os primeiros planos custam variam entre R$ 199 e R$ 399 por mês, com modem para casa do cliente (ou CPE) vendidos à parte, por valores entre R$ 800 (promocional) e R$ 1,2 mil.

As opções também são acompanhadas de franquias mensais, de 200GB e 400GB nas primeiras ofertas. Sobre esta decisão, Paulo César Teixeira abordou o ponto como natural por se tratarem de redes móveis (onde franquias de dados são permitidas), e não fixas. “A rede móvel tem capacidade limitada”, colocou ele.

Já com a redução dos valores, a massificação da tecnologia se tornará possível, acredita o CEO da área de consumo da tele. Com 5G FWA, a Claro vislumbra cenário como a possibilidade de usos compartilhados do recurso, como a habilitação de redes WiFi baseadas em rede móvel e capazes de atender uma comunidade inteira.

Próximas

No caso da Vivo, o vice-presidente de negócios da empresa, Alex Salgado, apontou que a operadora oferece FWA para clientes corporativos há mais de um ano, inclusive para pequenas e médias. Mesmo clientes de varejo conseguem utilizar chips 5G da tele para ativar banda larga fixa – mas comprando CPE em separado, visto que a Vivo ainda não oferece o equipamento no segmento.

Contudo, a perspectiva é que ocorra atualização do portfólio em breve e que as CPEs de quinta geração entrem nas ofertas da empresa para o mercado residencial dentro de dois ou três meses, começando pelas lojas próprias da Vivo, relatou Salgado ao TELETIME.

Outra operadora com planos delineados para o 5G FWA é a Brisanet, que está iniciando operação de quinta geração em estados do Nordeste. Segundo o CEO da provedores, José Roberto Nogueira, a oferta deve ser oficializada dentro de alguns meses, com abordagem tanto no mercado B2C (de forma complementar à cobertura de fibra) quanto no B2B, em cidades médias e grandes.

Já a TIM deixou ofertas baseadas em 5G FWA para pelo menos o ano que vem, segundo o CTO da operadora, Leonardo Capdeville. “Estamos olhando o custo do dispositivo e a continuidade da cobertura. Para ter um bom lançamento, vamos esperar ter os dois: cobertura bem forte e contínua e preços de FWA, que já estão caindo. Com a feature RedCap [capacidade reduzida] no ano que vem, eles devem cair em até 40%, permitindo a massificação”.

Mesmo com a redução, Capdeville também nota que novas ofertas deverão ser baseadas na auto instalação pelo usuário dos serviços, assim como tem proposto a Claro em suas primeiras ofertas.

Fornecedores

O lançamento pioneiro do 5G FWA no Brasil tem a Intelbras como fabricante parceira da Claro, a partir de CPEs produzidos no Brasil e equipados com chipsets da Qualcomm. Diretor da unidade de redes da Intelbras, Amílcar José Scheffer afirmou durante o evento da parceira que vê o serviço como a tão esperada killer application do 5G – além de projetar diminuição de preços nos dispositivos.

“Escolhemos junto com a Claro um produto [a CPE] premium, que entrega o melhor em termos de tecnologia, mas vamos lançar outras soluções baseadas em outros chipsets, com custo benefício diferente e que entregam um pouco menos. Também temos outras soluções saindo do forno até o final deste ano e início do ano que vem, ainda mais agressivas em termos de custos. Nossa missão é essa, de popularizar a tecnologia”, afirmou Scheffer.

Já o presidente da Qualcomm para a América Latina, Luiz Tonisi, classificou o 5G FWA como uma game changer para o segmento, em complementaridade às tecnologias existentes como a fibra. “Os primeiros sinais são inspiradores”, afirmou o executivo da fabricante de chipsets, a jornalistas.

Neste sentido a iniciativa do BNDES que prevê financiamento de CPEs em projetos em favelas e áreas rurais a partir de recursos do Fust pode atuar como um multiplicador importante para a tecnologia. Para Tonisi, a opção também deve ser considerada no atendimento de políticas públicas como a conexão de escolas (a tecnologia levaria vantagem pela facilidade de instalação e uso da rede móvel pública, aponta o executivo).

Em paralelo a Qualcomm também está atuando em ativações de FWA no segmento B2B, ao lado de bancos, grandes marcas de eletrônicos (que utilizam o recurso em pontos de venda) e também através de iniciativa ao lado da ABDI e Juganu, onde luminárias que habilitam 5G FWA são oferecidas para gestões municipais. Segundo Tonisi, 15 cidades já estão usando a tecnologia.

Fonte: Teletime