Após dois anos de quedas acentuadas, a expectativa é que as receitas com equipamentos de Redes de Acesso por Rádio (RAN) se estabilizem globalmente em 2025, com um avanço de 5% a 10% em 2025, excluindo a China. A avaliação consta em relatório da Dell’Oro Group, consultoria especializada no mercado de telecom. 

A consultoria se mostra “cautelosamente otimista” quanto à estabilização do mercado potencial para o ano, após as receitas do segmento registrarem recuos em um patamar próximo a 20% nos últimos dois anos na comparação com o desempenho em 2022.

“Embora os fatores subjacentes que moldam o mercado de RAN — expansão mais lenta do 5G, investimentos adiados em tráfego de dados e desafios contínuos de monetização — não devam mudar, variações regionais são esperadas para este ano. Condições melhores na Índia, Japão e América do Norte podem oferecer algum alívio, embora a redução da atividade de 5G na China continue pressionando o mercado“, afirma.

Redes privativas

Além disso, a consultoria frisa que estimativas preliminares indicam que o setor de wireless privado tem avançado em um ritmo “saudável”, alinhado às projeções feitas em 2024. O segmento deve alcançar uma expansão entre 20% a 30% no último ano, “ligeiramente” menor do que os 40% apurados em 2023. 

Mesmo com essa tendência mais animadora, a avaliação é que o 5G privado ainda está em estágio inicial no panorama empresarial mais amplo e que levará algum tempo para que a RAN privada tenha um share significativo do mercado total de Redes de Acesso por Rádio. A previsão é que as receitas de RAN para redes privadas cresçam mais de 20% em 2025, com estímulos da adoção na indústria. 

Por outro lado, a Dell’Oro destaca que as receitas do Open RAN (Rede de Acesso por Rádio Aberta) tiveram um recuo de 30% entre janeiro e setembro na comparação anual. Mesmo assim, a previsão é de aumento nas receitas em 2025, respondendo por 8% a 10% das receitas de RAN no período. 

Queda em 2024

Os investimentos em infraestrutura móvel registraram uma queda de 10% a 20% ao ano entre o primeiro e o terceiro trimestre de 2024, segundo dados preliminares trazidos pela Dell’Oro.

A consultoria chama a atenção, entre outras coisas, para o relatório de mobilidade da Ericsson, que aponta que o crescimento das remessas de equipamentos macro de 5G está desacelerando à medida que as comparações anuais se tornam mais desafiadoras. 

Um outro aspecto do mercado atual que pesa sobre os investimentos em capex é o desalinhamento entre a oferta e a demanda. “Nos primeiros anos do 4G, o tráfego de dados móveis dobrava anualmente, e as limitações de largura de banda aceleraram a transição para o LTE-Advanced”, diz. 

Hoje, porém, o cenário presente é bem distinto. “Em contraste, as implementações de 5G na banda média superior proporcionam um aumento substancial de capacidade — às vezes mais do que dobrando a capacidade total. Combinado com o crescimento mais lento do tráfego de dados móveis, isso atrasou a necessidade de novos investimentos em capacidade.”

Neste cenário, as operadoras também enfrentam dificuldade para monetizar o 5G para além de casos de uso conhecidos, como banda larga móvel (MBB). A consequência é que as teles têm adotado uma abordagem mais “cautelosa”, equilibrando investimentos na manutenção dos serviços atuais e a exploração de novas aplicações. 

Apesar de negativas, a Dell’Oro afirma que essas tendências não são surpreendentes. A consultoria afirma que a expectativa ainda no início do ano passado era de queda nas receitas globais de RAN em um ritmo de um dígito médio. Entretanto, a empresa ressalta que embora estivesse correta na direção do segmento, “subestimamos a escala dos cortes em mercados como Japão, Índia e China”. 

“Por exemplo, projetava-se que a Índia e a China teriam quedas de 30%, 50% e 5%, respectivamente, mas os resultados iniciais sugerem que o mercado está aquém das expectativas”, ressalta.

Fonte:

Teletime